tag:blogger.com,1999:blog-84071161620940599522023-11-16T11:08:48.605-08:00Revista BolhasBolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-37739071550205297652009-05-28T16:55:00.000-07:002009-05-28T17:01:33.013-07:00Comportamento<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW3EadKSO9pTWicIUachTjS-V41sMXEmjrcP0pdSube2n46rbx2dqevKUODMB4l1s9fgXnaf3eaySi4ybokYra6-TXyp7KjPO4U0l969ZSThgXUTcRzQ3It1sRflQo3GdC8vpbfIw7f_Wb/s1600-h/corpo.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 236px; height: 315px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW3EadKSO9pTWicIUachTjS-V41sMXEmjrcP0pdSube2n46rbx2dqevKUODMB4l1s9fgXnaf3eaySi4ybokYra6-TXyp7KjPO4U0l969ZSThgXUTcRzQ3It1sRflQo3GdC8vpbfIw7f_Wb/s320/corpo.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5341029198883820130" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;font-size:130%;" >O corpo sabe</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Por Lian Tai</span><br /><br />O corpo é a alma à flor da pele. Ele sabe até aquilo que não queremos saber. Aliás, ele sabe sobretudo o que fazemos questão de não saber. De nossos gostos, nossos sentimentos, nossas emoções. Nosso corpo traz a memória de tudo aquilo que nos formou. Com a razão nós tentamos ludibriá-lo, negociando nossas emoções. Pesamos as escolhas com mil argumentos lógicos. O corpo não aceita.<br /><br />Quando crianças, nossos pais nos fazem comer chuchu, abobrinha. Mesmo a contragosto, comemos. Mas existe aquele alimento que desgostamos até o último fio de cabelo. Os meus eram gordura de carne e salada de maionese. Não havia argumento, ordem ou bronca que me fizesse comê-los. Ia além da minha força de vontade. Se eu tentasse ingeri-los, engasgava. Meu corpo os rejeitava impiedosamente.<br /><br />Assim o corpo também reage com as pessoas que nos cercam. Às vezes, mesmo não conseguindo encontrar nenhum argumento lógico para não gostarmos de alguém, há aquelas pessoas com quem não nos sentimos bem. Na minha vida, isso já foi motivo de muito sentimento de culpa. Por isso eu me esforçava para gostar das pessoas, listava os motivos, tentava me convencer. Mas, quanto mais eu me esforçava para me convencer de algo que não era verdadeiro, com mais veemência meu corpo rejeitava a ideia, de forma que o cheiro das pessoas em questão tornava-se insuportável, a ponto de eu morrer de enjôo ao sentir seu cheiro, ou mesmo ao passar por alguém com o mesmo perfume.<br /><br />O inverso também é verdadeiro. O corpo ama o perfume e o tato daqueles que amamos com a alma. Quando nos apaixonamos, o corpo pede, o corpo quer. O contato, o hálito, a pele, o perfume. Mas às vezes acontece de, em algum momento, o corpo não só parar de pedir, mas também repugnar. É quando o sentimento já acabou ou se inverteu, quando o relacionamento já terminou. E, mesmo que não queiramos nos dar conta, o corpo já percebeu.<br /><br />Essa manifestação tão corporal dos nossos sentimentos não se limita a relacionamentos amorosos, mas envolve todas as nossas relações sociais. Afinal, não é apenas nas paixões que nos relacionamos com o corpo. A diferença é a forma de se lidar com esse corpo em cada tipo de relação. Nas amizades, predomina o contato de carinho e afeto, enquanto nas paixões, predomina o contato sensual, mesmo que não necessariamente sexual. Cada contato é permeado por sensações, que podem transitar entre o desejo e o asco. O nojo é a rejeição última do corpo, a manifestação máxima de seu desagrado.<br /><br />É curioso como teimamos em não ouvi-lo. Insistimos em nos forçar a lidar com situações que nos deixam desconfortáveis. Mas o mais fantástico é que, havendo uma brecha, o corpo se manifestará. Podemos beijar, abraçar, ir para a cama com alguém que teimamos em querer gostar, tentando enganar com a razão nossos sentimentos mais profundos. Mas não podemos dormir abraçados, pois, adormecida a consciência, o corpo se afasta durante a noite. O corpo tem seu tempo próprio, diferente do da razão. Eu nunca consegui, por exemplo, dormir abraçada a um namorado após uma briga, mesmo que já tivesse feito as pazes. É preciso o tempo do entendimento do corpo, o tempo da aceitação.<br /><br />A razão engana. O corpo revela. Prestemos atenção, portanto, às verdades que ele tem a nos dizer. Porque o corpo sabe.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-50388727638542968602009-04-02T08:34:00.000-07:002009-04-02T08:39:29.863-07:00Literatura<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimFxjnS2X9LgSWITPXP2-eGqAno2vr7DHvQYZaG1Nuty_fdEu5p5KE8ZL_BrWfO6HV9iM4mlKqoUioL2CSpT1qLqgTJRBMYWE35vuaU8-GTElmpmgKFikQhnpt42TJsHCHQKB_-gimsCgf/s1600-h/janela1.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 185px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimFxjnS2X9LgSWITPXP2-eGqAno2vr7DHvQYZaG1Nuty_fdEu5p5KE8ZL_BrWfO6HV9iM4mlKqoUioL2CSpT1qLqgTJRBMYWE35vuaU8-GTElmpmgKFikQhnpt42TJsHCHQKB_-gimsCgf/s200/janela1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5320119110258456162" border="0" /></a><span style="font-weight: bold;font-size:130%;" >Viva os 35 graus</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Douglas Kawaguchi</span><br /><br />O relógio marcava 1h35 da manhã do dia 31 de dezembro. O calor era tanto que se algum termômetro acusasse menos de 35 graus eu julgaria uma brincadeira de mau gosto. Com a janela escancarada e sentado sobre a máquina de lavar eu mordiscava um sanduíche, quando ela apareceu pela primeira vez. Ela, a moradora da janela em frente. Não, não cabe aqui chamá-la moça, mulher, garota ou rapariga, já que nestas condições tudo o que importa é que ela era a moradora-da-janela-em-frente – ainda que não se possa morar numa janela.<br /><br />Pois ela entrou de repente no quarto, acendendo a luz. Era o último andar do prédio vizinho, a poucos metros de mim e meu pão e, com a janela totalmente aberta, ela cruzou de uma vez meu campo de visão, sem notar minha expressão de susto. Presumo que voltava de uma festa, pelas roupas. Permaneci estarrecido durante aqueles dois ou três segundos que, na película de um filme, durariam muito mais. Recobrada a consciência, num impulso instintivo e intuitivo, voei até o interruptor e apaguei a luz. Esperei, sem agachar ou me esconder numa posição imoral. Pelo contrário: apagado no escuro, eu aguardava confortavelmente, como numa poltrona de cinema. Generosa, ela reapareceu. Somente com as roupas de baixo. O branco da lycra contrastava com a pele morena. A cintura poeticamente delineada dividia em dois o corpo de proporções áureas: nem grande, nem pequeno. Ideal, somente. Sempre de costas, procurou algo na cama, achou e vestiu: um pijama de seda. Amarelo. Mas por cima da lingerie, que falta de cuidados com o conforto! Depois saiu do quarto. Como deixara a luz acesa, julguei que voltaria para o bis.<br /><br />Creio que logo se arrependera do show deveras tímido porque, um ou dois minutos mais tarde, voltou. Na minha tela widescreen, de costas, tirou o pijama, sem suspense. E depois o sutiã. E depois tudo. Morena (já disse, eu sei). Analisou uma camiseta, levantando-a com os braços. Não, outra. Deixe-me ver... não, também. Tão feminina. Nesse decide-não-decide, ameaçava, mas não virava de frente. De repente virou-se de lado, de perfil. Caprichosamente, seu umbigo tocava a linha esquerda da janela, de modo que os seios se esconderam nos bastidores de um ponto cego. Alguém que a filmasse nua e depois censurasse colocando mosaicos nas partes íntimas não as delinearia com a mesma precisão com que a janela o fez, irônica. Calmamente, virou-se de costas mais uma vez e finalmente vestiu outro pijama, azul. E apagou a luz. Nem foi até a janela para me dizer boa noite. Mas não precisava: é como se o tivesse feito, já que começava aí um longo, longo relacionamento.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-86688049560144357052009-02-28T10:37:00.000-08:002009-02-28T10:39:04.685-08:00Poesia<span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">Manto</span></span><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:100%;" >Por Otacílio Cesar Monteiro</span>*<br /><br />Setenta mil sóis em tuas sombras,<br />Setenta mil luzes pela noite.<br />Há tanta lua nos teus passos,<br />Quanto forem os percalços.<br />Setenta mil rezas brabas<br />Para desatar os laços,<br />Setecentas novas trilhas<br />Desviam das armadilhas,<br />Setecentos novos traços<br />A livrar-te de embaraços!<br /><br /><span style="font-style: italic;">*Otacílio Cesar Monteiro é jornalista, poeta e compositor. Foi premiado em vários concursos literários, tanto de versos como de prosa, além de ter recebido prêmios como letrista em festivais de MPB. Tem mais de dez livros publicados e já vendeu mais de quinze mil exemplares em Limeira e região, realizando intenso trabalho de divulgação através de saraus, sessões de autógrafos e palestras.</span>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-66178666824396674142009-02-21T09:29:00.000-08:002009-02-21T09:34:29.813-08:00Comportamento<span style="font-size:130%;"><strong>Da Vaidade</strong><br /></span><div></div><br /><div><strong>Por Dani Baleeiro*</strong><br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj-wS1PMWFB1Zt1cETmj28T1cC4nZ3gC4iEHdqPXCar63NIZOSHTlF9MDIP3X3zgBWQlvg3u2Q4mgjwk0mPiijbGhmktx2H-6NuOBiq5od3Qo_IeMMkv7uprMlwzEV-YqlUGZZi0-JOkjF/s1600-h/vanirty%5B1%5D.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305304621186277410" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; WIDTH: 140px; CURSOR: hand; HEIGHT: 200px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj-wS1PMWFB1Zt1cETmj28T1cC4nZ3gC4iEHdqPXCar63NIZOSHTlF9MDIP3X3zgBWQlvg3u2Q4mgjwk0mPiijbGhmktx2H-6NuOBiq5od3Qo_IeMMkv7uprMlwzEV-YqlUGZZi0-JOkjF/s200/vanirty%5B1%5D.JPG" border="0" /></a>É certo que há vaidosos e vaidosas. Alguns com aquele desejo incontrolável pela mais perfeita estética, outros com a ambiciosamente cega sina de querer ter aquilo que pode ou não ter, o importante nesse caso é a posse.<br /><br />Mas estive analisando um outro tipo de vaidade inerente a todo e qualquer ser humano, animais também. È a necessidade imprescindível de sentir-se amado ou ao menos, bem quisto.<br /><br />E caminhamos todos, nesse mesmo paradigma de querer pertencer ao universo alheio, de ter a ousadia até de querer ser o sonho de alguém. E persistimos, conquistadores, Don Juans, interesseiros, farseiros, sedutores e muitas vezes atores. Sim, porque nesse momento, o que importa é que alguém, escolhido por nós, nos adore acima de qualquer coisa.<br /><br />Achamo-nos no direito imprudente de invadir a vida de alguém que nossa imaginação egoisticamente acredita ser o ideal para um companheiro, um namorado, um parceiro. Partimos então para a conquista. E tecendo motivos e oportunidades, vamos plantando um emaranhado de vínculos e afinidades que possam , fatidicamente, tornar-nos interessantes , atraentes e até mesmo indispensáveis na vida de alguém. Até ai, a vaidade é simplista e sutil. O problema é que ela cresce, desaflora ao longo do envolvimento. E de repente, estamos totalmente imersos em nossa falácia de querer manter a nossa totalidade enquanto donos do mundo do outro. E a noção de alteridade se esvai feito orvalho que evapora. Começamos assim,o assassinato de toda chance de permanecermos vivos na vida de quem gostamos, mesmo que somente nas lembranças. Porque somos possessivo- materialistas demais. Queremos não somente habitar o universo do ser amado, queremos ser donos dele, mesmo que inconscientemente. E matamo-nos a nós mesmos acreditando que tal desejo, assim tão inescrupuloso, seja somente amor verdadeiro ou excessivo. A verdade, é que a vaidade ai não é o sentimento em si, é a recompensa meramente pessoal de sentir-se pertencente e proprietário, de saber que somos amados e importantes de algum modo. </div><div> </div><div>O sentimento acaba, o amor acaba, a relação se apaga. Mas a vaidade permanece ali,agora com uma tonalidade mais obscura e tenebrosa, e chama-se orgulho ferido. Da conquista perdida, passamos ao recalque, a impregnação maledicente daquilo que não nos serve mais. Nossa alma hostil segue em desalento. Mas com o tempo vai enchendo-se novamente desta vaidade branca, dessa fome de justificar nossa existência ou saber-se insubstituível.Só não sabemos, pelo menos não de forma consciente, que antes temos que ser importantes para nós mesmos, para a vida que escolhemos ter e transformá-la naquilo que indiretamente venha a proporcionar o bem para todos , ainda que discretamente. A própria consciência de entender todos esses anseios e formas quase primitivas de amar e ser amado é mera vaidade. Vaidade de justificar a nós mesmos,o por quê disso e daquilo, independente de qual postura tomaremos diante de um novo sentimento.<br /><br />Imbuídos dessa mesma vaidade sentimo-nos capazes de falar sobre a mesma com tamanha autenticidade e soberania que destilamos o veneno sobre nós mesmos e vamos perpetuando essa volúpia maior.<br /><br /><span style="font-size:85%;"><em>Dani Baleeiro estuda Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense. Atua, também, como tradutora de português-inglês. Sempre envolvida com as artes, dançou ballet clássico, estudou teatro e escreve poemas desde os 14 anos. Publicou seus primeiros versos na Antologia dos Poetas do Brasil -volume 6 em outubro de 2007 no contexto do XV Congresso Nacional de Poesia de Bento Gonçalves-RS. Atualmente, além dos estudos, mantém um blog onde periodicamente publica seus textos, poemas e pensamentos</em></span></div><div><a href="http://www.boogienwoogie.blogspot.com/" target="_blank"><span style="font-size:85%;"><em>http://www.boogienwoogie.blogspot.com/</em></span></a></div>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-1359038376226847842009-02-14T07:18:00.000-08:002009-02-14T07:22:43.588-08:00Literatura<span style="font-weight: bold;font-size:130%;" >De um sono</span><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:100%;" >Por Fernanda Cupolillo*</span><br /><br />Pôs as mãos para fora da janela antes mesmo que seu corpo estivesse todo<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwKHGfU0t4OaHeQBREnQsyJCLw530YVV5JmZcmbapAhmhxpDMEsYe0zBetef9NaaAzGMPe10f_CIE8_UGkNsxVRT8lbzgBO5g0j5NvhMnHK9QEqWU1pyLMWP0k-EMpDvoA4aHbTJCaBp-Q/s1600-h/janela.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 150px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwKHGfU0t4OaHeQBREnQsyJCLw530YVV5JmZcmbapAhmhxpDMEsYe0zBetef9NaaAzGMPe10f_CIE8_UGkNsxVRT8lbzgBO5g0j5NvhMnHK9QEqWU1pyLMWP0k-EMpDvoA4aHbTJCaBp-Q/s200/janela.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302673513787051586" border="0" /></a> desperto, e, como num primeiro bocejo, deixou que seus dedos reconhecessem, entreabertos, o gosto do dia. Um vento frio rodeou sua pele e aninhou-se no pequeno buraco que separava suas mãos. Distanciou um pouco mais os dedos e deixou que o frio desnudasse algumas de suas dobras. Sentindo-os como minúsculas bolas de neve, trouxe as mãos de volta para o calor do quarto, mas logo tornou a jogar a extremidade dos braços para fora da janela. Sua cama sustentava, ao olhá-lo de longe, embevecido com a força oculta e fria que lhe tomava as mãos, a promessa de um apagamento seguro e quente do corpo. Entre cada um dos cobertores que vazavam as quatro margens regulares do móvel, a umidade difusa de sua respiração, alguns pedaços de sonho, e um calor comprido. De longe, ela o olhava, repleta em braços macios e solares, mas ele lhe dava somente a visão das costas, mantendo-se fiel à sua inesperada curiosidade matutina. Crendo inexistir em seu corpo a espécie de força que experimentava na beira da janela, deixou que as imagens ainda muito nítidas de seu sonho de ontem talhassem pelo quarto. Quentes, elas enlaçavam a sola descalça de seus pés e se enroscavam em seus pêlos, mas a sensação do frio experimentada na janela fazia trincar em pétalas de gelo o calor que teimava em subir. Decidiu sair, ameaçado pelas cores manchadas em seu corpo, e, completamente cinza, abriu a porta de seu quarto. Caminhou pelo estreito corredor, destrancou o cadeado e, novamente, ouviu o girar de uma maçaneta. Não houve tempo para pensamentos: bastou uma única fresta se abrir para que o vento alcançasse a nudez mais escura de seu corpo, guardada por baixo de suas muitas camadas de cobertor. Julho, ele pensou, sem mais possibilidade de recuo. Tomado por um fino orvalho, avançou em sua caminhada, deixando que os vestígios de sonho se desprendessem de sua pele: um só sopro do vento bastou para levar as folhas secas. Sentiu ter o peso de uma flor de leão e viu-se passar, entre todas as coisas que o ar arrastava, acima do cimento. Seguiu, tomado por uma sensação completamente desconhecida de frio. Do lado de fora da janela, a imagem da cama ainda quente fazia tremer seu corpo descoberto e lhe empurrava uma vontade de calor, que não demorou a se precipitar num par seco de lágrimas. Julho, ele pensou, descosturando as minúsculas linhas que mantinham seu corpo coeso. O vento prosseguia num acordar de escuros. Revolvia todos os espaços vazios e trazia para fora, em forma de arrepios violentos, seus silêncios dormidos. Estancou os passos, de súbito, quando se viu atado invisivelmente aos objetos do mundo, e buscou em sua lembrança o traçado de seu corpo. Firme. Único. Abraçou sua própria pele, querendo lembrar-se da solidão de seu corpo, mas seu interior estava disperso e embaralhado à montoeira de coisas que as massas de vento carregavam. Não havia mais volta, pensou: Julho. Viu sobre a neve acima do cimento algumas das linhas que antes amarravam seu corpo e tentou segui-las numa tentativa última de rastrear-se pelo inverno, mas Julho se amontoava no interior de seus órgãos e paralisava alguns de seus movimentos. Desejou chorar, e chamar de volta meia dúzia de sonhos; sentir-se amparado por quatro margens regulares de madeira e calor; apagar a sensação crua da dor, a dormência, os arrepios. O frio não deixava dúvida: era um corpo o que ali existia. Sem sossego, sem abraço, sem nada. Só um corpo. Nu, invadido por olhos-de-leão. Nem a memória vinha: ela se dilatou num presente contínuo, sem volta. A verdade do corpo se cravava na pele, imediata e rude: ele queria voltar, mas Julho, dono absoluto de seu corpo, calou também a respiração. De dentro de um cubo de gelo, abandonado em si mesmo, gritou por longas horas, e vidas inteiras. Até o momento em que decidiu afastar do corpo as muitas camadas de cobertor que o revolviam, escorrer pelo lado esquerdo da margem regular de madeira e fechar, de uma só vez, a janela, a paisagem e o frio do mundo do lado de fora.<br /><br /><span style="font-style: italic;">*</span><span style="font-style: italic;font-size:85%;" >Graduada em Comunicação Social, Jornalismo, pela Uff. Mestre em Comunicação, Imagem e Informação pela Uff. Revisora de textos da Casa da Ciência (Botafogo/RJ). Professora de Jornalismo da Unifoa. Co-autora do livro de contos "O ouro lado do sol", publicado em 2008. Já recebeu alguns prêmios em concursos literários, como o Concurso Municipal de Contos da prefeitura de Niterói.</span>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-59416022150143049912009-02-14T07:16:00.001-08:002009-02-14T07:17:07.074-08:00Comportamento<span style="font-size:130%;"><span style="font-weight: bold;">A dieta e o mito</span></span><br /><br /><span style="font-weight: bold;">Por Lian Tai</span><br /><br />Está presente nos relatos orais de nossa sociedade. Está presente em inúmeras revistas. Está presente em livros de doutores e entendidos. Sempre que falamos em dietas, esse mito, que está tão arraigado em nosso pensamento e em nosso inconsciente coletivo, aparece: O mito de que há uma relação direta entre a comida que comemos e os quilos que engordamos ou deixamos de perder. Talvez essa seja a mais influente mentira já contada na história ocidental. Mas nossa revista em forma de blog, ou de bolha, irá desmistificar em primeira mão essa lenda que tanto nos tem prejudicado.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMkkw9zZAaFIbvP1wVhtDZdMc5TprkHPXjcjZs1Q1FF-Z8hvmo82K1jnuF_qt4v37gZepuGnApuflCvmNdVHWY3aX7qH9YHRYjzw0w5Fg316RcM5QPnOZVrTF3JuGQgxDGn479F-TC_ogf/s1600-h/sorvete.jpg"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer; width: 200px; height: 200px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMkkw9zZAaFIbvP1wVhtDZdMc5TprkHPXjcjZs1Q1FF-Z8hvmo82K1jnuF_qt4v37gZepuGnApuflCvmNdVHWY3aX7qH9YHRYjzw0w5Fg316RcM5QPnOZVrTF3JuGQgxDGn479F-TC_ogf/s200/sorvete.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5302672273374257490" border="0" /></a>Tudo começou porque antigamente a comida era escassa. O alimento de que dependíamos era sujeito aos fenômenos naturais, o sol, a chuva, cada qual em seu momento. Vulnerável às pestes e às intempéries. A pouca comida tinha que ser dividida entre todos. Então se inventou que a gula era pecado. Não um pecadinho qualquer, mas um dos sete pecados capitais. Afinal, ser guloso em época de escassez significava tirar a oportunidade de outros se alimentarem e sobreviverem. Assim, criou-se uma associação entre dois fenômenos originalmente distintos: a gula e a culpa.<br /><br />A culpa é um sentimento autodestrutivo, mas ao mesmo tempo essencial para a preservação humana. É o que nos diferencia dos psicopatas, ao reprimir a repetição de atitudes prejudiciais ou moralmente questionáveis. O problema da culpa é que às vezes ela é direcionada para coisas boas, de forma a acompanhar atitudes benéficas e prazerosas, como o ócio e, como já dissemos, a gula. Nesses casos, a culpa nos angustia e paralisa. E, como tudo o que nos atormenta, faz mal para o corpo, prejudica o metabolismo, altera os hormônios: Culpa engorda.<br /><br />Como comer gera culpa e a culpa engorda, durante muito tempo se concluiu erroneamente que comer engorda. Mas, após uma longa experiência científica, sendo eu minha própria cobaia, descobrimos que não existe relação direta entre comer e engordar, muito menos quando tratamos de comidas gostosas. O que engorda não é a comida em si, mas o peso na consciência (ao que minha espirituosa amiga respondeu certa vez: “o problema é que minha consciência ocupa o corpo inteiro”). A culpa, que antes era associada à gula devido à escassez de alimentos, passou a ser ressignificada e justificada de uma nova forma: como culpa por engordar. Ou seja, acreditando que comer engorda, as pessoas sentem culpa ao comer e, devido à culpa, acabam engordando de verdade, gerando um círculo vicioso.<br /><br />Em contrapartida, felicidade emagrece. Quer dizer, felicidade faz bem pro corpo, equilibra-o, provocando o emagrecimento daqueles que precisam emagrecer e a engorda daqueles que precisam engordar. Felicidade direciona o corpo para sua forma e seu peso ideais. Mas, como a maioria das pessoas à procura de dietas (portanto, o público-alvo deste artigo) está acima do peso, em conseqüência da quantidade de peso na consciência consumida, generalizo aqui, ao dizer que felicidade emagrece. Partindo desse pressuposto, chegamos a uma conclusão importante: a comida, por princípio, não só não engorda, mas também emagrece. Afinal, quem não se sente feliz ao tomar um sorvete? Ao comer um churrasco?<br /><br />O segredo, pois, para perdermos os quilinhos extras e alcançarmos aquele corpo tão desejado é comer, comer com prazer e sem culpa. Portanto aprendamos a ser felizes e nossos corpos responderão. Porque o peso na consciência também pesa na balança.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-79934231136389669912008-05-14T12:35:00.000-07:002008-05-14T12:39:33.852-07:00Comportamento<b style=""><span style="font-size:130%;">O relacionamento metalingüístico</span><o:p></o:p></b> <span style="font-weight: bold;"><br /><br />Por Lian Tai</span><br /><br /><p class="MsoNormal">Barthes certa vez afirmou que “passada a primeira confissão, ‘eu te amo’ não quer dizer mais nada”. Discordo. E justifico citando a poetisa Elisa Lucinda, para quem essa declaração não se encerra, definitiva, mas é dinâmica e se renova:</p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p><span style="" lang="PT">“Te amo mais uma vez esta noite<br />talvez nunca tenha cometido ‘euteamo’</span><br /><span style="" lang="PT">assim tantas seguidas vezes, mal cabendo no fato<br />e no parco dos dias.<br />Não importa, importa é a alegria límpida<br />de poder deslocar o “Eu te amo”<br />de um único definitivo dia<br />que parece bastá-lo como juramento<br />e cuja repetição parece maculá-lo ou duvidá-lo…<br />Qual nada!”</span></p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>Se as palavras dão sentido ao mundo, então uma declaração de amor não é apenas a exteriorização de um sentimento que existe e está guardado. É também sua criação. A palavra tem o poder de criar a realidade. A palavra concretiza. </p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>Mas pior do que o relacionamento sem declarações de carinho são aqueles que se baseiam apenas nessas declarações. São aqueles cujo único diálogo é composto por “eu te amo”, “eu te adoro” e “nosso amor isso e aquilo”. São os relacionamentos metalingüísticos.<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyDwlW6B1UPojunHR2g_FFwUtrlk97dv19lXptWmI9ZfZXHu2hB92JIt1rAJaoUYE_xBQRI7CBWCjFJMmeF-imWqeIOp_9UQ4uADs4xOW_YQgR2vygdkK7En0AFOfNzf4e-viX2zFA6fh/s1600-h/espiral.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer; width: 191px; height: 190px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyDwlW6B1UPojunHR2g_FFwUtrlk97dv19lXptWmI9ZfZXHu2hB92JIt1rAJaoUYE_xBQRI7CBWCjFJMmeF-imWqeIOp_9UQ4uADs4xOW_YQgR2vygdkK7En0AFOfNzf4e-viX2zFA6fh/s320/espiral.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5200320338195638866" border="0" /></a> </p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>No relacionamento metalingüístico, não se conversa sobre uma banalidade qualquer em que um dos parceiros tenha pensado, a não ser “estive o tempo todo pensando em você”. Não se conversa sobre planos e sonhos, a não ser “meu plano é passar a vida inteira com você”. Não se discutem teorias, discute o relacionamento. E só há interesse no que o outro faz ou deixa de fazer se for para assegurar que ele não fez nada que comprometa a fidelidade e a eterna devoção ao parceiro. No relacionamento metalingüístico há dois tipos de comunicação: as declarações de amor e as discussões de relacionamento. </p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>O problema é que, por maior que seja o amor, uma pessoa não se alimenta apenas disso. Cada um de nós vive imerso em uma infinidade de bolhas. Tem o trabalho, tem o fato engraçado que aconteceu, tem as dúvidas, o momento de não pensar, o desafio. Mas às vezes a euforia do amor traz consigo a prepotência de querer ser a única bolha, a soberana. E aí o amor se torna cego, ao não querer enxergar o outro em sua multiplicidade. E o parceiro é reduzido de um ser vivente e pensante para um ser apenas amante. </p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>É essencial para o relacionamento que exista companheirismo. Mas, para que haja companheirismo, é necessário que exista um interesse genuíno pelo outro e um querer bem. A partir daí a convivência ganha novas cores, pois é delicioso ter alguém para compartilhar a vida. Alguém pra discutir seriedades e banalidades. Alguém com quem rir e chorar. </p> <p class="MsoNormal"><o:p></o:p>Se houver essa alegria em dividir e ter alguém ao lado, aí quem sabe o “eu te amo” pronunciado será quase desnecessário, pois o companheirismo e a cumplicidade falarão por si. Mas, se além de tudo, vier também uma declaração de amor... ah, aí as palavras transbordarão verdade e haverá a certeza de não serem afirmações vazias. </p>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-89694825280558710322008-04-16T05:46:00.000-07:002008-04-16T06:18:08.447-07:00Comportamento<span style="FONT-WEIGHT: bold;font-size:130%;" >Flores genéricas</span><br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold; FONT-STYLE: italicfont-size:78%;" >Por Lian Tai<br /><br /></span><span style="font-size:180%;">U</span>ltimamente escuto mais e mais mulheres dizerem que não gostam de ganhar flores. Eu sou uma delas. Não, não é que eu prefira coisas práticas, como roupas e artigos eletrônicos. Também não é que eu não aprecie as cores e o cheiro das flores. É que estas há muito simbolizam amor, romantismo e delicadeza. E, por essa convenção, elas passaram a ser um caminho rápido para aqueles que querem presentear sem se dar o trabalho de pensar ou escolher. <p class="MsoNormal"><?xml:namespace prefix = o /><o:p></o:p><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhTyFd6Q3_q3NwB1r3f-j04LZJaGWUOreaejBJYmfGrqGV1FLVlYvl9PXtIOzdFRG8ZpmOAaJR514W-f9-llkBUBFOdOGJw92lIMeksBOa6Z7I2Na7QXw9fsRKpBZYn789F-mWc1EdFbts/s1600-h/bouquet.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5189825791161657234" style="FLOAT: left; MARGIN: 0pt 10px 10px 0pt; WIDTH: 196px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 196px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhTyFd6Q3_q3NwB1r3f-j04LZJaGWUOreaejBJYmfGrqGV1FLVlYvl9PXtIOzdFRG8ZpmOAaJR514W-f9-llkBUBFOdOGJw92lIMeksBOa6Z7I2Na7QXw9fsRKpBZYn789F-mWc1EdFbts/s320/bouquet.jpg" border="0" /></a>O homem liga para a floricultura e manda entregar um buquê de flores (normalmente rosas vermelhas) para aquela que ele quer agradar. Nesse gesto, ele não pára para enxergar quem é a outra pessoa, pois tanto faria, já que as flores são um gesto genérico que ele usaria para conquistar quem quer que fosse. </p><p class="MsoNormal">Quando falo em flores, incluo bombons, bichos de pelúcia e outros presentes convencionados. Porém não podemos generalizar. Há formas e formas lindas de se fazer esses agrados. Já vi de montes. A pessoa que colhia flores em árvores na rua; a outra que plantava rosas, cortava, tirava os espinhos e a cada dia entregava um botão para a amada; aquela que compra os bombons daquela loja que sabe que a namorada gosta; o que escolhe um bicho de pelúcia especial, porque tem uma história relacionada. Enfim, flores, bombons e pelúcias são agrados até legais, mas que se tornam desagradáveis quando são apenas uma convenção impessoal.</p>Ao ganhar um presente, a mulher quer saber que o outro reservou um pouco do seu tempo para pensar nela. Que ele procurou, que enxergou algo nela. Já ganhei inúmeros presentes “errados”. Coisas que, se visse na loja, não compraria nunca. Mas que ganhei, acabei usando, gostando e deixando aflorar um lado meu que nem eu conhecia. Também já ganhei presentes que não usei nunca. Mas certamente prefiro os “presentes errados” aos impensados. Porque são curiosos, revelam uma característica que o outro viu em mim e que me havia passado despercebida. Mas, sobretudo, revela um olhar que não me enxerga como igual. <p class="MsoNormal">Rubem Alves diz que presentearia alguém com um maço de cebolas. Essa seria sua forma de dizer que a pessoa presenteada não é como as outras. As cebolas, quando cortadas, têm brilho e formas intrigantes. Já eu não gostaria de ganhar um maço de cebolas. Porque, ao ser diferente de todas as outras, as garotas das flores, também não tenho que ser igual à garota do Rubem Alves, a garota das cebolas.</p><p class="MsoNormal">Enfim, qualquer presente pode ser legal, desde que não seja genérico. Desde que realmente nos faça sentir especiais e amadas. </p>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-29862986808418660092008-04-08T18:06:00.000-07:002008-04-09T06:51:17.142-07:00Variedades<span style="font-size:130%;"><strong>Bolha tibetana</strong></span><br /><br /><span style="font-size:78%;"><strong>Por <em>Júlia Lemos</em></strong></span><br /><br /><span style="font-size:180%;">D</span>entre os diversos conflitos espalhados pelo mundo, adentramo-nos agora na bolha tibetana. Desde 10 de março deste ano começaram no Tibet diversas demonstrações do desespero, demonstrações de um sentimento de opressão e desapropriação de um povo. Estas manifestações passaram a se destacar cada vez mais pela radicalidade e amplitude que atingiram. Em 14 de março as mobilizações já não se restringiam apenas à capital Lhasa, mas também às diversas outras províncias onde comunidades tibetanas residem e que fazem fronteira com a China. A questão que move tanta revolta no Tibet não é nada simples e está longe de poder ser compreendida com um simples passar de olhos pelas notícias veiculadas na grande mídia.<br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia_WoPujtqVqbC4E6djSDIFWenYGo40mzvW_a6lK5968AFcpigCKnbhiJy0TacXDZUSoW_pJdrokokPH60Fka0zEaYgIRwwK-w-rzXhKXNZmj48pskiixRlMtQUYXMRS-4OqKmt9rYJ-Fy/s1600-h/TIBETEAFP.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5187046513001028354" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; WIDTH: 312px; HEIGHT: 208px" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEia_WoPujtqVqbC4E6djSDIFWenYGo40mzvW_a6lK5968AFcpigCKnbhiJy0TacXDZUSoW_pJdrokokPH60Fka0zEaYgIRwwK-w-rzXhKXNZmj48pskiixRlMtQUYXMRS-4OqKmt9rYJ-Fy/s320/TIBETEAFP.jpg" border="0" /></a><br />Por um lado temos notícia de que Pequim exerce sobre esta região uma política sistemática de colonização e que a maioria dos ganhos com o desenvolvimento do Tibet vai para o grupo étnico chinês dominante, o “Han”. A revolta e violência dos tibetanos contra tal etnia são assim explicadas por diversas associações de direitos humanos (como, por exemplo, a <a href="http://www.europe-solidaire.org/" target="_blank">Europe Solidaire Sans Frontières - ESSF)</a>, as quais denunciam a política de Pequim como repressora - tanto nas ações do exército contra as manifestações quanto na exigência da assimilação de uma cultura não-tibetana - defendem que o direito à autodeterminação do povo do Tibet seja confessado pelos diversos governos e pelas Nações Unidas para que seja possível a libertação do povo tibetano da opressão.<br /><br />Temos, no entanto, uma outra versão dos fatos. De acordo Liam Mac Uaid, editora da revista inglesa Socialist Resistance, o Tibet é excessivamente pobre e marginal à economia mundial para ser realmente independente e desenvolver uma economia nacional por sua própria conta. Além disso, a figura que lidera a campanha pelo Tibet Livre, o Dalai Lama, é também lembrado por muitos estudiosos como a figura que mantém o tradicional esquema semi-feudal de servidão e escravismo no Tibet. Neste sentido, o barbarismo que ocorre no Tibet é ilustrativo do fato de que há muitos anos não existe nenhuma campanha democrática, progressiva, nacional e popular entre o povo tibetano.<br /><br />Os tibetanos possuem um território, uma cultura e um idioma comum, sendo que se pode localizar um distinção da história tibetana em relação à China há pelo menos 2500 anos atrás. Em 1911, quando a última dinastia chinesa se foi, os oficiais chineses foram expulsos e o 13º Dalai Lama fez uma proclamação que muitos tibetanos consideraram como declaração de independência. Durante muito tempo o governo tibetano não possuiu interferência direta de Pequim. Em 1931 o Partido Comunista Chinês havia tomado a decisão de não interferência na política dos povos de alguns países, entre eles o Tibet. Mas o governo de Mao optou por determinar um prazo para o reconhecimento, por parte do Tibet, da integração à China. Vencido este prazo e dado o não cumprimento da exigência, deu-se início a um processo militar de invasão e repressão do Tibet para este reconhecimento. Em 1951 reconheceu-se pela primeira vez, por escrito, no “17º Acordo”, a soberania da China sobre o Tibet. De acordo com Norm Dixon, colaborador do jornal australiano “Green Left”, Dalai Lama não se preocupou nesta época em unir o povo e defender a independência formal do Tibet, pois o acordo feito com a China não tocava em seus interesses. O Dalai Lama e seu regime ficaram satisfeitos com o acordo, já que a China havia concordado em manter intactos o sistema econômico semi-feudal explorador e o sistema político teocrático opressivo liderado por Dalai Lama.<br /><br />A paz no Tibet sob este acordo durou algum tempo. Até quando os grandes proprietários começaram a sentir que o monopólio econômico e político deles estava ameaçado com o risco de o governo comunista chinês realizar ali uma reforma agrária. Daí então eles iniciaram uma rebelião reacionária e a vestiram de traje nacionalista, ganhando muitos tibetanos pobres para a causa. Apesar de o Partido Comunista Chinês ter assinado, em 1957, um acordo adiando tal reforma, os proprietários não se contiveram. A política de Pequim então foi radical: 87 mil pessoas morreram, as propriedades das elites religiosas e aristocráticas foram confiscadas e milhares de monastérios foram fechados. E, apesar do governo comunista chinês ter realizado uma reforma agrária que beneficiou os camponeses pobres do Tibet, a maneira arbitrária e violenta com que ela foi feita acabou por aproximar os camponeses dos seus opressores políticos liderados pelo Dalai Lama.<br /><br />Desde então, a situação não tem sido muito diferente. As políticas da China sobre o Tibet vêm sempre junto com uma opressão para a modificação da cultura deste país. Por outro lado, os camponeses tibetanos e pastores sempre tiveram pequena liberdade pessoal, já que nunca podem fazer muita coisa sem a permissão dos lamas. Os camponeses viveram por muito tempo como apêndices do monastério e em pobreza extrema enquanto uma riqueza enorme se acumulou nestes mesmos monastérios e no palácio do Dalai Lama. Para piorar o conflito, desde 1956 a CIA entrou no processo. Primeiramente treinando guerrilheiros tibetanos e agora agindo de modo mais político. Não é de agora, portanto, que a CIA está bastante interessada na “independência” do Tibet.<br /><br />Ao que tudo indica, o problema do Tibet possui apenas duas “soluções” nada animadoras e tampouco “libertadoras”: existir como parte da China, com todos os diversos problemas de opressão e conflitos culturais, ou como um estado-cliente do imperialismo ocidental, sob domínio da política tradicionalmente elitista de Dalai Lama, agora ainda mais submisso ao ditames da CIA para garantir seus interesses. A retórica comumente vista de que o reconhecimento formal da independência do Tibet é por defesa da democracia e da liberdade do povo tibetano é, neste contexto, simplificadora de um processo de libertação que ainda está muito além da desagregação do Tibet do domínio da China.<br /><br />Como se posicionar, então? Tendo a pensar que os direitos de autodeterminação das nacionalidades oprimidas precisam ser apoiados quando um povo deseja a liberdade para se reger. Mas penso que o posicionamento de apoio às demandas tibetanas pela “independência” tem que tomar o cuidado de perceber que não se tratará de uma libertação nacional, mas apenas da possibilidade de o povo do Tibet dar um passo a mais na sua luta, luta que deve ser do próprio povo tibetano, pela autodeterminação. Luta que ainda está longe de terminar.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-2723699470466850052008-04-02T05:27:00.001-07:002008-04-02T05:34:14.741-07:00Comportamento<strong><span style="font-size:130%;">O espaço entre-bolhas</span></strong><br /><p><span style="font-size:78%;">Por <em>Júlia Lemos</em></span> </p><p><br /> </p><p><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWc1pb6V7I2TP-ieXsvk6PqOfkqy_DatRHO5K0eruFH3LgmTLLHgffsYo5qSeAsUxEikKmmdMM4EUMpf4y0sVTI_S8jLG1KlF_RFOU4XKtm2ZhP2CzfnNt1shQ50GB2BGiJ1duh2y226c/s1600-h/bolhas+coloridas.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5184623769193994994" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVWc1pb6V7I2TP-ieXsvk6PqOfkqy_DatRHO5K0eruFH3LgmTLLHgffsYo5qSeAsUxEikKmmdMM4EUMpf4y0sVTI_S8jLG1KlF_RFOU4XKtm2ZhP2CzfnNt1shQ50GB2BGiJ1duh2y226c/s320/bolhas+coloridas.JPG" border="0" /></a> <span style="font-size:180%;">A</span>s bolhas, apesar de serem transparentes, trazem um sistema muito complexo de coisas trançadas, embaralhadas, as quais formam um todo com alguma uniformidade. Uma bolha não tem nada de vazio. Na verdade, bolha é exatamente o oposto do que podemos conceber como vazio. Quando conseguimos gritar em nossos corações uma palavra de ordem que defina nosso ânimo ou até mesmo quando conseguimos dizer para alguém uma opinião que temos com muita convicção, estamos fazendo árvore. Quer dizer, antes deste processo muitos detalhes se multiplicaram e se envolveram um no outro. Embora na maioria das vezes seja difícil ou simplesmente não aconteça de compreendermos todo o entrelaçamento, não há dúvidas de que ele existe e começou pequeno. Ou de algum nada. A prova disso é justamente a nossa certeza, quer dizer, a nossa condição de encontrar uma palavra, e até mesmo de formar uma frase, que faça um sentido muito lógico, ao menos para nós.</p><p></p><p>Fiquei pensando durante muitos dias sobre algo a dizer que não fosse falar sobre o clima, os afazeres diários, as surpresas da rotina. Algo assim como um todo, um sentimento, uma verdade. Algo que se pudesse escrever em um cartaz, em um outdoor, quer dizer, algo que fizesse sentido ou importância suficiente pra dar vontade de dizer para outros. Outros não apenas fora de mim, mas completamente distantes de qualquer idéia daquilo que sou. E não encontrei nada. Mas como explicar que nada é mesmo nada, que simplesmente não havia sentido em qualquer palavra ou frase, se nem mesmo acho possível um nada no sentido mais puro? Acho que a melhor explicação é dizer isto: quando digo nada não quero dizer sem sentido, mas sim sem um importante sentido para uma bolha qualquer. Importante é um sentido que para os outros também é interessante e compreensível, que possui um todo. Não tenho pretensão de que alguém aceite ou mesmo compreenda quando eu digo que não encontrava nada com sentido importante e por isso considerei simplesmente isso ser um nada. Eu sei que isso aconteceu num momento e foi completamente diferente de tudo o que eu já havia passado nas minhas experiências pessoais. Senti-me des-pertencida a qualquer bolha. Não pedi “socorro”, mas acho que teve tudo a ver com aquela música do Arnaldo Antunes em que ele diz que não está sentindo <em>nada</em>. </p><p></p><p>Percorreu-me o pensamento de que talvez fossem todas as bolhas vividas anteriormente que tivessem algo de muito religiosas e que, de repente, fosse simplesmente isso: eu havia entrado numa bolha em que não há fé cega e nem grito. Mas isso foi assustador demais pra mim e escapou a qualquer idéia que eu tinha de bolha. Não posso concordar que exista uma bolha assim, sem fé em coisa alguma e que não queira nem mesmo querer. Porque penso que uma bolha tem sempre uma força que a rege como princípio, mesmo que este princípio não seja compreendido.</p><p></p><p>Escrevo agora porque este momento passou. E acho que, agora, conseguindo escrever e concatenar coisas com algum sentido mais unificado, penso que as bolhas não são grudadas. Bolhas devem ser mesmo como aquelas de sabão que sopramos no ar. E podem até se grudar às vezes. Adentrarem-se umas nas outras. Mas não é regra que elas sejam grudadas. As bolhas flutuam em algum espaço que é não-bolha. Ainda que elas fossem grudadas, se forem mesmo redondas (e acho que são mesmo redondas, pois assim se movimentam e fluem com mais facilidade, e é assim que as bolhas da vida funcionam) temos que considerar um espaço entre as bolhas que não é bolha alguma. Este espaço não-bolha possui coisas soltas, não sistematizadas. Coisas que fazem sentido apenas quase encerradas em si mesmas e por isso não se declaram como um sentido, como uma bolha. Não conseguem de fato se conformarem num sentido maior. É como aquelas respostas pra perguntas que não respondem às perguntas, mesmo que usem as mesmas palavras também presentes na pergunta referente.</p><p></p><p>O espaço entre-bolhas, ou espaço não-bolhas, é apático. Nada solicita e não assume qualquer não solicitação. Chega a ser quase um recalque, mas não o é, pois isso seria excede-lo, que dizer, isso já seria “bolha” demais para ele. É simplesmente um entre-bolhas, lugar onde não é nada confortável de se estar. </p>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-41071709136522689122008-02-20T13:49:00.000-08:002008-02-20T14:03:37.889-08:00Meio Ambiente<strong><span style="font-size:130%;">ISO 14001: Abertura de mercado</span></span></strong><br /><br /><strong><span style="font-size:78%;">Por <em>Taís Seibt</em></span></strong><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh65_bEMtFmpQdO3E6_7LixZBtJLdfOjqVmCfhyphenhyphenXchfF4lspvoJbJv0fUk8ahEJZSIxuclPL3PLnerfgy_ZcM5WMnodNkl1dVTFTfdKi01XnZGUna-xGrNMptqYKXOVtO5YOO3_T9qFPCpw/s1600-h/ambiente.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5169185621000772146" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh65_bEMtFmpQdO3E6_7LixZBtJLdfOjqVmCfhyphenhyphenXchfF4lspvoJbJv0fUk8ahEJZSIxuclPL3PLnerfgy_ZcM5WMnodNkl1dVTFTfdKi01XnZGUna-xGrNMptqYKXOVtO5YOO3_T9qFPCpw/s320/ambiente.jpg" border="0" /></a><span style="font-size:180%;">A</span> solução de incidentes ambientais, ou sua minimização, vem exigindo uma atitude inovadora dos empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a capacidade de suporte do planeta. Em outras palavras, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e sejam parte da solução.<br /><br />As preocupações ambientais empresariais são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que se interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado. Se não houvesse pressões da sociedade e medidas governamentais não se observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental. As leis ambientais geralmente são resultados da percepção de problemas ambientais por parte de segmentos sociais e que pressionam os agentes estatais para vê-los solucionados.<br /><br />Embora o mercado seja uma instituição da sociedade, suas influências e especificidades merecem ser consideradas à parte. As questões ambientais passaram a ter importante relevância sobre a competitividade dos países e suas empresas. A intensificação dos processos de abertura comercial expondo produtores com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competição mais acirrada e de âmbito mundial tem sido uma poderosa força indutora de regulamentação e auto-regulamentação socioambientais. O surgimento de iniciativas voluntárias de auto-regulamentação se deve em grande parte às dificuldades de proteção de mercados nacionais por meio de barreiras comerciais que se iniciaram após o Tratado de Marrakesh de 1994, que encerrou a Rodada Uruguaia de negociações multilaterais no âmbito do Gatt e criou a Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma das conseqüências esperadas da adoção generalizada dessas iniciativas é o nivelamento dos custos de produção entre empresas produtoras de bens similares situadas em países diferentes com diferentes exigências legais com respeito às questões socioambientais.<br /><br />A geração de passivos ambientais pelo não-cumprimento da legislação pode comprometer a rentabilidade futura de uma empresa, pois esses passivos poderão ser cobrados em alguma data futura, seja por acordos bilaterais voluntários, seja por meio de ações judiciais. Essa questão tem sido tão decisiva para os investimentos que já foram criados diversos indicadores para informar aos investidores a situação da empresa em relação a essas questões, como o Dow Jones Sustainability Indexes, um indicador criado pela Dow Jones e SAM Group em 1999. Esses índices têm por objetivo criar referências para os produtos financeiros baseados no conceito de corporação sustentável e medir seu desempenho.<br /><br />Corporação sustentável é uma abordagem de negócio para criar valor aos acionistas de longo prazo, aproveitando as oportunidades e administrando os riscos econômicos, ambientais e sociais. Dados da própria Dow Jones mostram que as empresas incluídas nesse indicador apresentam rentabilidade superior às não incluídas.<br /><br />Hoje, as novas concepções de gestão empresarial têm como princípio estabelecer uma política da qualidade, inclusive ambiental, colocando a atividade industrial em foco para a promoção de um real desenvolvimento sustentável.<br /><br />Com isso, a certificação da ISO 14001:2004, referente a qualificação ambiental, começou a ocupar um espaço crescente na organização e planejamento das atividades industriais, tornando-se um fator de referência na qualidade do produto para o mercado. Em última análise, o crescente aumento da consciência ambiental do consumidor, fez com que este exigisse além de um produto de qualidade, um produto que no seu ciclo de vida que respeitasse o meio ambiente.<br /><br />A proteção ambiental passa a ser uma qualidade desejada do produto e a certificação ambiental torna-se a garantia da qualidade deste produto para este consumidor que compartilha de preocupações com o meio ambiente.<br /><br />Com isso as empresas, ao receberem a certificação da ISO 14001:2004, perceberão que agir com responsabilidade ambiental gera também lucro para a própria empresa, atingindo não apenas o ganho social e da imagem empresarial, mas também a receita econômica, pois as grandes corporações, principalmente aquelas ligadas ao mercado externo, estão exigindo o certificado ambiental e seu não atendimento poderá acarretar perdas na negociação de contrato de novos projetos.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-18953460871666779622008-02-16T07:16:00.000-08:002008-02-16T10:13:18.684-08:00Comportamento<div><strong><span style="font-size:130%;">Breve tratado dos homens, das mulheres e dos relacionamentos</span></strong><br /><br /><span style="font-size:78%;"><strong>Por <em>Lian Tai</em></strong><br /></span><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuOziQ49XcE1CrneOpIzskxrZ1jeuys_Cs4aWiu2thlKJqswedLCRl417wO7ne31LcdqlwHLBi9SL88tllAr4qnJmkkMl6mbLmHbpkoOR56HIYZGjp2r2TTKmylguLIQYjg9vcDa__TqyB/s1600-h/homem-mulher.gif"></a><span style="font-size:180%;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5167642623934913010" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgeBElSRa8M9i9RtWKg_X870eqQymmamh1HIpO86ZZwoFwK0hfyg5ugdOq2e0_xXL-rAvvVt1dpBqfSfZsHFSEZ8LWMgFpm5E-OpGcvpBDOOTBdLMtdgThUIQ4Rcf27rbRhMvRQUDjak1dT/s320/casal.jpg" border="0" />E</span>stava mexendo nas minhas coisinhas e achei um velho caderno. Todos meus objetos constituídos de papel oferecem algum perigo: pode-se encontrar neles algum pedaço de intimidade. Uma frase, uma anotação, uma idéia, um verso. Espalho anotações pelos papéis que aparecem na minha frente, porque um pensamento sempre pode virar um poema, um texto, ou, no mínimo, um pensamento sem sentido eternizado. E que ninguém se engane: Até nas histórias mais fictícias há um tanto do mais íntimo de cada um.<br /><br />Mas, voltando ao assunto, achei este caderno. Nele havia alguns rabiscos, delineando o que um dia viria a ser (ou melhor, virá a ser) um <em>Tratado dos homens, das mulheres e dos relacionamentos</em>. É um objetivo bem pretensioso, confesso. Mas construído à custa de muita observação empírica e filosofia de boteco. Quem ler este texto terá em primeira mão os primeiros apontamentos do que se tornará um <em>best seller</em>.<br /><br />Para começar a definir a grande diferença entre a alma do homem e da mulher, vou citar o adjetivo desejado por cada um e seu contrário, que se torna a maior ofensa. A qualidade que o homem deseja alcançar é a potência. Em todos os sentidos: potência sexual, econômica, profissional. No sentido contrário, o adjetivo <em>impotente</em> e outros que tenham conotações semelhantes são os que mais ofendem. A imagem do homem é, portanto, aliada ao poder. Já a mulher deseja o amor. O que mais a faz se orgulhar é ser desejada. Logo os adjetivos que a ferem são <em>mal-amada</em> e <em>feia</em>. “Feia”? – alguém perguntará. Feia, sim. Porque, neste caso, feia torna-se quase um sinônimo de <em>indesejada</em>, já que nossa sociedade tem a beleza como um dos mais valiosos valores no que tange à mulher. Dispenso aqui todas aquelas explicações e lugares-comuns sobre a história da atual sociedade e a formação de valores machistas, etc.<br /><br />Homens são pão-duros para coisas não duráveis. Eles podem gastar uma nota em televisão, carro, sapato. Mas preferem comprar um DVD musical em vez de ir a um show. Motivo: o DVD dura, o show é breve. Da mesma forma, eles preferem não gastar dinheiro em restaurantes. Enquanto isso, para a mulher, é deprimente ter que ouvir um: “Pra que vou gastar isso numa refeição, se faço uma igual gastando bem menos?” Ah, mas existe um detalhe importante neste ponto: <em>Homens nunca são pão-duros em fase de conquista</em>.<br /><br />Outra característica marcante que até já é um clichê, mas não menos verdadeiro: Mulheres adoram discutir relacionamento. Homens detestam. Outro dia vi a Rita Lee na TV dizendo que toda mulher é chata e todo homem é bobo. Fiquei revoltada. Não por não concordar, mas justamente por ela fazer uma afirmação que já era muito minha. <em>Toda mulher é chata e todo homem é bobo</em> – é esta a melhor explicação para as mulheres adorarem discutir relacionamento, enquanto os homens fogem. Explico: a mulher é chata porque enxerga demais. Algumas vezes, enxerga até o que não existe. Homem é bobo porque não enxerga nem o óbvio. A mulher complica. O homem torna as coisas simplistas.<br /><br />O resultado prático dessa diferença no olhar é que a mulher enxerga com lente de aumento algum incômodo que para o homem nem existe. Aí ela o procura para discutir o “problema”. O homem foge da discussão. Se a mulher insiste muito, com o tempo o homem passa a fugir não só da discussão, mas da mulher. Ela considera esse distanciamento como a prova de que “aquele” problema existia. E insiste mais ainda na necessidade de discutir o relacionamento.<br /><br />Por outro lado, a mulher é propensa a crises subjetivas. Num dia, sem mais nem menos, ela fica triste, chorona ou nervosa. E não adianta perguntar o motivo, pois ela não sabe. Aí vem o homem, procurando um problema objetivo, e insiste em saber o porquê daquele comportamento. “Diga qual é o problema e vamos resolver”- ele insiste. A melhor resposta para isso seria o que uma amiga minha ensinou para seu namorado logo que começaram a ficar juntos: “Nessas situações, cala a boca e me abraça”. Eu chamo essas crises de “ TPM<br />fora de época”. Nomear esse estado é um jeito de fazer os homens compreenderem melhor algo que lhes é incompreensível: o sentir-se de determinada maneira sem motivo.<br /><br />Quero deixar claro que, ao falar de características femininas e masculinas, não quero dizer que <em>todo</em> homem aja assim e <em>toda</em> mulher aja assado, embora o diga, por questões puramente estilísticas. Quero dizer apenas que é característica própria de cada gênero, não uma regra geral. Entre as características de um e outro gênero, há gradações. Conheço, por exemplo, casais que são invertidos: a mulher cem por cento masculina e o homem feminino. Ele cheio de subjetividades. Ela, direto ao ponto. O interessante é observar como as gradações de cada um se combinam e se equilibram. E como, nesse equilíbrio, cada relacionamento funciona à sua maneira, dentro de uma dinâmica misteriosa, chamada <em>amor</em>. </div>Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-17718956162642349842008-02-03T03:39:00.000-08:002008-02-08T18:44:07.426-08:00Comportamento<strong><span style="font-size:130%;">Passagem para as Idéias</span><br /></strong><br /><strong><span style="font-size:78%;">Por <em>Maria Cristina Furtado</em></span></strong><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG1y_LymvkxZsLimLfv6ggGll7D8A0wYb1ZDeQG9NIS40FEA6t9YdQR0RSD-SoiHNmBJkzWEF8uH-wxrp-9ds4ZRH5pANY49ckrkrB9Gx27u0bPe-RZ1WgEcKUSMjKAbqh5fVzAixxG-_Y/s1600-h/passagem.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5162717472266987058" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgG1y_LymvkxZsLimLfv6ggGll7D8A0wYb1ZDeQG9NIS40FEA6t9YdQR0RSD-SoiHNmBJkzWEF8uH-wxrp-9ds4ZRH5pANY49ckrkrB9Gx27u0bPe-RZ1WgEcKUSMjKAbqh5fVzAixxG-_Y/s320/passagem.jpg" border="0" /></a>Estava em busca de meu jardim, onde se encontram todas as minhas bolhas flutuando entre árvores e flores coloridas. Lá estava ele, correndo e brincando enquanto eu me recostava bem acomodada na frondosa Flamboyant com enfeites rubros nas pontas de seus galhos. Ali escondo meu caderninho mágico meio em branco, meio rabiscado com bobagens.<br /><br />Ele vinha com os olhos atentos, com a face alegre, mas sem um sorriso largo. De mãos dadas corremos, brincamos, rolamos na grama macia. Ele logo me lembrou que, apesar do momento agradável, eu não estava ali hoje apenas para brincar. O rio que margeia o lado esquerdo do jardim sempre foi o limite, o fim do meu restrito horizonte. Hoje, aquelas águas estavam calmas e baixas. As pedras saltavam o leito formando um caminho. Aquela ponte me despertou a curiosidade, adormecida.<br /><br />Ele me estendeu a mão e me encorajou naquela passagem. O lado de lá causava medo. Era algo distante, escuro, como uma mata fechada. Corremos de mãos dadas entre as árvores. Mais à frente havia uma clareira. Me coloquei no centro e a luz do Sol ficou mais forte, me enchendo de energia. Naquele momento eu parecia me curar da miopia, não só a dos olhos. Enfim, me senti a protagonista de meu próprio filme.<br /><br />Já era hora de partir. Nos pusemos de novo na mata e a volta pelo caminho de pedras foi bem mais fácil. Ansiosa, peguei meu caderninho mágico. Mal nos despedimos e eu já estava na saída do jardim. Como num rito de passagem, uma iniciação, pude conhecer um pouco mais sobre o lugar onde eu estava, sobre a minha bolha e as bolhas que me atraem. E aquele horizonte restrito passou a se perder de vista. E ele prometia estar ali, sempre à minha espera.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-51771543589558176102008-01-22T12:29:00.001-08:002008-01-22T12:36:14.844-08:00Comportamento<strong><span style="font-size:130%;">As boas e velhas cartas de amor</span></strong><br /><br />Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas. Já dizia o poeta...<br /><br /><span style="font-size:85%;"><strong>Por <em>Erika Lettry</em></strong></span><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7A9KYO0b5Oe03VaS6N6H3g8DlxVa1iBsAn3XF-KfhNomPIfeWWiq4xSuuHEH3FE4gP-wGoVi_fkd6U32vgUPRhXyAp-QTz1IfJzaNXHKtQCkNnYTy_LnDb6uDCSwO5hKLZKWsg1LaP-Zs/s1600-h/cartaamor.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158400952410209026" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7A9KYO0b5Oe03VaS6N6H3g8DlxVa1iBsAn3XF-KfhNomPIfeWWiq4xSuuHEH3FE4gP-wGoVi_fkd6U32vgUPRhXyAp-QTz1IfJzaNXHKtQCkNnYTy_LnDb6uDCSwO5hKLZKWsg1LaP-Zs/s320/cartaamor.jpg" border="0" /></a><span style="font-size:180%;">T</span>á certo, Fernando Pessoa foi um pouco cruel ao escrever esta frase. Mas não é isso que todas nós temos vontade de dizer aos namorados que resistem em nos escrever uma missiva? Homens não costumam dar muita atenção a este “pequeno detalhe”. E se sentem incrivelmente confortáveis nesta posição. E não, não adianta insistir na idéia ou recorrer ao poema. A maioria dos homens se sente mais ridícula escrevendo cartas de amor do que deixando de escrevê-las.<br /><br />Juro que não entendo como surgiu este receio. Tenho algumas hipóteses. A primeira: eles temem que a relação termine e fique para sempre o documento de que ele amou aquela mulher (aquela bruxa!) algum dia. Segunda hipótese: a praticidade masculina não permite que eles “percam” tempo com isso. Afinal, se existe distância, existe também internet, telefone e avião para encurtá-la. Terceira hipótese: por mais que se esforcem, eles não conseguem compreender que importância tem algumas letrinhas tortas impressas num papel vagabundo.<br /><br />Não os culpo. Se há uma certeza que tenho na vida (e não venham me dizer que isto é teoria feminista ou machista), é de que o pensamento dos homens é muito diferente do das mulheres. Eles não entendem nossas obviedades, da mesma forma como não entendemos as deles. Se para eles é um absurdo que não percebamos como é mais prático conversar por telefone, para nós é difícil acreditar que eles não percebam a emoção que sentimos à simples idéia de ganharmos uma carta.<br /><br />Homens, homens....Definitivamente não percebem que o valor de uma carta é puramente sentimental. Conteúdo? E daí? O que importa? Não queremos saber apenas como foi o dia no trabalho, quais os projetos para o futuro, ou o que tem feito nos finais de semana em que estão longe de nós. Ao recebermos uma carta, importa menos o conteúdo que a emoção. Às vezes palavras bobas, como aquele velho e repetitivo “eu te amo”, ganham muito mais importância quando escritas no papel.<br /><br />E que delícia ver o nome todo na carta, rasgar com cuidado o envelope, sentir um pouquinho dele atravessar as estradas (ou os oceanos) e chegar até nós! Por tudo isso, vale sempre a lição do poeta:<br /><br /><em><span style="font-size:85%;">Todas as cartas de amor são</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Não seriam cartas de amor se não fossem</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Também escrevi em meu tempo cartas de amor,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Como as outras,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">As cartas de amor, se há amor,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Têm de ser</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Mas, afinal,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Só as criaturas que nunca escreveram</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Cartas de amor</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">É que são</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Quem me dera no tempo em que escrevia</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Sem dar por isso</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Cartas de amor</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">A verdade é que hoje</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">As minhas memórias</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Dessas cartas de amor</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">É que são</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;"></span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">(Todas as palavras esdrúxulas,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Como os sentimentos esdrúxulos,</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">São naturalmente</span></em><br /><em><span style="font-size:85%;">Ridículas.)</span></em><br /><br />Obs: uma ligação interurbana custa uma fortuna. Uma carta social, apenas um centavo. Homens, pensem nisso!Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-71475035003627925102008-01-22T11:05:00.000-08:002008-01-22T11:17:48.266-08:00Meio Ambiente<strong><span style="font-size:130%;">Construções sustentáveis</span></strong><br /><br />Mercado imobiliário brasileiro começa a adotar medidas de proteção ao meio ambiente e a construir empreendimentos ecologicamente corretos<br /><br /><span style="font-size:85%;"><strong>Por <em>Taís Carolina Seibt</em></strong></span><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5YxkETEphH2Qnca8C39MuOFY-guHp27u7RWPBCs0Ko4eWETns9JUpQYGQDMOhlw4kBrDf1bJG715DYoFJjWi1v8CN4iU3wiOVuh-iaJvPXUGAM5tK_VH8c-T6ml_ZJ7LGAHaoeg5819Qt/s1600-h/construçao.jpg"><span style="font-size:180%;"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158379554883140338" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5YxkETEphH2Qnca8C39MuOFY-guHp27u7RWPBCs0Ko4eWETns9JUpQYGQDMOhlw4kBrDf1bJG715DYoFJjWi1v8CN4iU3wiOVuh-iaJvPXUGAM5tK_VH8c-T6ml_ZJ7LGAHaoeg5819Qt/s320/constru%C3%A7ao.jpg" border="0" /></span></a><span style="font-size:180%;">A</span> construção civil inicia também sua fase de preocupação ambiental e atenção no Brasil. Com o crescimento econômico e populacional do planeta, além das constantes ameaças do aquecimento global, o mercado imobiliário vem determinando a construção de casas erguidas com produtos ecologicamente corretos, buscando resultados ao adotar estratégias de proteção à natureza e ao demonstrar sua preocupação com a saúde e bem-estar do cliente.<br /><br />Ao sentir a necessidade de atender às demandas sustentáveis dos consumidores, iniciou-se o movimento das Construções Sustentáveis, que, apesar de ainda tímido, já caminha para um período de enaltecimento. Em São Paulo dois empreendimentos de grande porte, localizados na Zona Sul, considerados como complexos de escritórios de alto padrão, despontam como um dos primeiros modelos de edificação ecologicamente correta. Um deles é o Rochaverá Corporate Towers e o outro, o Eldorado Business Towers, com 32 andares, idealizados pelas incorporadoras Thisman Speyer e Gafisa.<br /><br />As construtoras começaram a entender que o lar, ao ser considerado um enaltecimento de dignidade para quem nele vive, é onde 90% das pessoas na grande cidade gasta seu tempo livre. Com isso, começaram a se adaptar aos requisitos de bem-estar, segurança da família e cuidado com o meio ambiente.<br /><br />Segundo a empresa SustentaX (<a href="http://www.sustentax.com.br/">http://www.sustentax.com.br/</a>), 40% das matérias-primas e os recursos naturais são utilizados em prédios, 40% das possibilidades de reciclagem estão em prédios (metais, madeira, plásticos, concreto), 40% da energia consumida está em prédios comerciais e residenciais (iluminação e ar condicionado), e 40% do lixo produzido tem origem em prédios.<br /><br />Infelizmente, no mercado mundial imobiliário, ainda existem poucos empreendimentos sustentáveis. É comum encontrarmos vilas e condomínios de alto luxo, destinados à classe A.<br /><br />No entanto, no Brasil, já existem empreendimentos “verdes” destinados às classes média e média alta localizados na capital paulista, como o Ecolife Independência, e no Rio de Janeiro, o Ecolife Freguesia, ambos projetados pela empresa Esfera Empreendimentos.<br /><br />O mercado, a mídia, os consumidores e os fornecedores estão em fase de entendimento do conceito de desenvolvimento sustentável, buscando o respeito pelos recursos naturais para que continuem existindo as futuras gerações. Isso significa unir o crescimento econômico à qualidade ambiental.<br /><br />Buscar o respeito à natureza através do planejamento e monitoramento de toda a cadeia produtiva da construção civil, com foco no meio ambiente, serve como base à geração de uma produção mais limpa e menos geradora de impactos, procurando estar de acordo com a legislação ambiental do município, estado e país.<br /><br />Atualmente, esses grandes empreendimentos sustentáveis, ao atingirem seus patamares de qualidade ambiental, já podem ser certificados com uma espécie de “selo verde” que garante e comprova, por meio de normas rígidas, que a edição foi projetada e construída com responsabilidade socioambiental. A organização norte-americana, United States Green Building (sem fins lucrativos), é hoje uma das certificadoras que promovem a sustentabilidade ambiental de edifícios pelo mundo afora, e tem como selo o Leed (sigla em inglês para Liderança em Energia e Projeto Ambiental). No entanto, para se alcançar esse carimbo é necessário que o empreendimento passe por uma série de avaliações, desde seu projeto até sua construção, de forma que garanta que as medidas sejam realmente implementadas e estejam de acordo com os preceitos da sustentabilidade.O selo do Green Building só é adquirido após a apresentação do projeto, dentro dos padrões de exigência do Leed, devendo passar por uma minuciosa auditoria da obra, que geralmente só é entregue seis meses após o Habite-se do empreendimento.<br /><br />Dentre as principais medidas para que um empreendimento se torne ecologicamente correto, encontram-se a racionalização e reutilização da água da chuva, baixo consumo de energia elétrica, com instalação de placas solares, geradores que não afetam o meio ambiente, tratamento de esgoto, uso de materiais recicláveis e certificados (madeira) tanto na obra quanto na mobília e no acabamento, reaproveitamento de entulho, coleta de lixo seletiva, entre outros.<br /><br />A sustentabilidade de uma obra, apesar de custar de 2% a 5% mais, envolve inúmeros benefícios, que vão desde o interesse de investidores até a valorização imobiliária e da economia. Apesar de ter um pequeno aumento em seu valor inicial, o mesmo será recuperado futuramente, o que poderá ser visualizado na redução do orçamento doméstico mensal em até R$ 250,00, segundo dados do professor Ph.D da FIAP, Marcos Crivelaro.<br /><br />Além do selo oferecido pelo Green Building, as construtoras também podem tornar um empreendimento neutro em carbono durante toda a fase de sua construção. Isso ocorre após a realização do inventário de emissões de gases de efeito estufa decorrente desde o início da obra.<br /><br />Após a realização do inventário das emissões de gases de efeito estufa, este número será revertido em número de árvores para que seja realizado um projeto de reflorestamento em áreas degradadas.<br /><br />Em Goiânia, a consultoria Carbono Global desenvolveu o selo “Carbono Global” de forma a neutralizar as emissões de empresas, indústrias, escritórios, eventos, e agora abre suas portas para as Construtoras que desejam dar o primeiro passo rumo à sustentabilidade. A novidade e o diferencial trazido por essa empresa é que os projetos de neutralização ocorrerão em áreas degradadas do cerrado goiano.<br /><br />A união de selos de diferentes certificadoras e com diferentes propósitos e significados pode, além de chamar a atenção da sociedade com relação às ações de responsabilidade ambiental e social, gerar lucros a empreendimentos que querem alcançar o mundo no combate ao aquecimento global.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8407116162094059952.post-87429180045330328412008-01-22T10:48:00.000-08:002008-01-22T11:03:48.541-08:00Comportamento<strong><span style="font-size:130%;">Teoria das bolhas: repercussão e devaneios</span></strong><br /><br />Entenda como surgiu a teoria sobre relacionamentos que inspirou a criação do blog <em>Revista Bolhas</em><br /><br /><strong><span style="font-size:85%;">Por <em>Lian Tai</em></span></strong><br /><strong><em><span style="font-size:85%;"></span></em></strong><br /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5158376299297929954" style="FLOAT: left; MARGIN: 0px 10px 10px 0px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZ0ISDqp1XFZ4B1KttGBBHo6OGHVQCEFbIufgBsfvBecfc7RTig0Gg_GVer9HRt5RzA_mPXgiTq2_dN_tebIg-JCqdBxcUGhg2-uH6vPMzIuzEpxrEh7OIe8IkA5cNkN-6hfXqKGSEqrGU/s320/bolhas.jpg" border="0" /><span style="font-size:180%;">C</span>omo meu primeiro texto para nossa revista, eu gostaria de explicar suas origens, sua proposta e, digamos, sua fundamentação teórica. <em>Bolhas</em> envolve a história de cinco garotas, cada uma com sua própria história, mas todas unidas em torno de uma paixão: fazer perguntas, confabular respostas, imaginar mundos possíveis, debater, debater, debater. Coisas importantes e desimportantes. Questões pragmáticas e fictícias. Físicas e metafísicas. Não importa o tema, principalmente se houver um espetinho de filé ou de cupim, um suco de maracujá ou de cupuaçu, um rodízio de crepes, um violão. Bolhas é, sobretudo, um convite.<br /><br />Pra começar, você deve estar se perguntando: “Por que <em>Bolhas</em>, afinal?” ... E chegaremos à Teoria das Bolhas, que parte, esta também, de outra teoria, também das bolhas, porém bolhas outras. Enfim, tudo começou quando meu pai, que é arquiteto e designer, explicava-me algumas noções de ergonomia. Ele argumentava que, ao projetar um cômodo, não se deveria levar em consideração apenas o espaço das funções práticas, mas que cada pessoa tinha necessidade de um espaço mínimo para se sentir bem. “É como se cada um estivesse envolvido por um bolha. A pessoa não tem só a dimensão de seu corpo, mas traz, também essa bolha, cujo tamanho varia de pessoa para pessoa. Para que ela se sinta bem em um lugar, portanto, o espaço deve comportar o tamanho da bolha dela” . Assim foi a explicação que ouvi de meu pai. E foi minha primeira noção sobre bolhas.<br /><br />Em uma reunião de amigas, expliquei o que havia aprendido. E começamos a discutir sobre o tamanho da bolha de cada uma de nós. Havia, dentre nós, quem tivesse bolha gigantesca. Havia quem quase não tivesse bolha. Mas o tamanho da bolha não é fixo, concluímos, depende de quem se aproxima. A partir daí o rumo da conversa não era mais em relação a cômodos e tamanhos de ambientes, mas em relação ao comportamento de nossas bolhas ao nos relacionarmos com outras pessoas. “Quando uma pessoa de quem não gosto entra no lugar, minha bolha se expande. Eu fico incomodada imediatamente.” “Mas quando uma pessoa agradável se aproxima, não tem problema nenhum, minha bolha se encolhe”. Era essa a conversa.<br /><br />Entre sucos, espetinhos e o desenrolar da vida, as coisas iam fluindo. Um dia, eu e a Júlia, eterna companheira de debates, resolvemos tirar uma semana totalmente “Sex and the city” em São Paulo. Pra quem não conhece o <em>sitcom</em>, ele trata de quatro amigas em New York, que só vivem falando sobre relacionamentos. Estávamos assim, na Nova Iorque brasileira, andando de um lado pra outro, com pacotes de compras na mão e tagarelando sobre o porquê de relacionamentos serem assim e assado. Foi nessa viagem que desviamos de vez a abordagem arquitetônica das bolhas e a apropriamos como uma teoria nossa, sobre relacionamentos.<br /><br />O resultado de nossos dias “Sex and the city” foi a, enfim, toda nossa, Teoria das Bolhas, um sistema que tenta dar conta do complexo mundo dos relacionamentos e que, na verdade, pode ser estendido a todos os outros âmbitos da vida. Nossas conclusões foram as seguintes: Quando estamos envolvidos com alguém, estamos na bolha da pessoa. Aquele passa a ser nosso mundo e tudo o que mais importa. Podemos dizer, em uma linguagem sociológica, que a bolha em que estamos é o <em>outro significante</em>, ou seja, aquele a quem queremos agradar, cujo julgamento é o que pesa. É por isso que terminar um namoro pode ser tão difícil. Na teoria, a gente sabe que um dia a pessoa será esquecida e outra entrará em nossa vida. Na prática, sentimo-nos como se o mundo ruísse, porque, uma vez que não saímos da bolha, ela é tudo o que conseguimos enxergar.<br /><br />As bolhas não são necessariamente duradouras, entretanto. Existem aquelas que duram exatamente o período de uma tarefa, de uma atividade. Quem já não se concentrou em um trabalho e passou horas dando o melhor de si, esquecido do resto do mundo? Quem já não se perdeu no tempo ao longo de uma conversa animada, ou de um olhar mais profundo, para logo depois retomar suas bolhas cotidianas? Porém, ao sairmos de uma bolha, ela imediatamente estoura. É impossível retornar a ela. Isso se você realmente conseguir sair, o que pode ser tarefa das mais difíceis. É claro que você pode visitar sua casa de infância, ou reatar um namoro, porém será sempre dentro de outra bolha, nunca a mesma.<br /><br />Há, também, em nossa teoria, algumas lacunas, perguntas sem resposta ou sem consenso. A Júlia, por exemplo, jura que é possível flutuar em um espaço, livre de quaisquer bolhas, por um tempo. Eu já não tenho certeza. Contribuições são sempre bem-vindas.<br /><br />Como uma teoria tornou-se uma revista é outra história... Mais águas rolaram, sucos foram bebidos, crepes foram comidos. Nesse tempo, eu, Júlia e Maria Cristina fazíamos os estudos de caso à luz da Teoria das Bolhas, que conseguia explicar grande parte dos eventos. Eu passei a morar no Rio e conheci a Érika, outra companheira de longas conversas.<br /><br />Porém, apesar de conseguirmos explicar vários fenômenos a partir de nossa teoria, deparamo-nos com problemas práticos. E percebemos que grande parte deles tinha uma mesma origem: revistas femininas. Constatamos que os homens com quem convivíamos, por mais que tentassem agradar, tinham uma visão muito deturpada de nós, mulheres, e acabavam se atrapalhando. E notamos que o processo ocorria em três etapas: 1) As revistas femininas tradicionais publicavam um monte de besteiras. 2) Os homens, na sala de espera do dentista, liam as tais revistas e saíam com a cabeça cheia de minhocas. 3) Resultado: um monte de desentendimentos nos relacionamentos.<br /><br />Para desmentir as besteiras que eram publicadas, resolvemos nos fazer entendidas publicando a nossa versão. A idéia original era um “Manual para namorados desorientados”, que um dia ainda será posto em prática, vocês verão. Mas resolvemos, como primeiro passo, lançar nossa própria revista. A Taís veio se agregar à nossa família e assim ficou completo o grupo. Apesar de grande parte de nós ser formada em jornalismo, esta não é uma revista de jornalistas. É um espaço onde escreveremos no formato que bem entendermos. Como diria a Érika: “uma revista para nos divertirmos”.<br /><br /><em>Bolhas</em> é isto, portanto: um espaço para nos expressarmos, para debatermos, para nos divertirmos. Freqüentemente teremos textos de colaboradores, cada qual com sua bolha-contribuição. Esperamos contar com as bolhinhas de todos.Bolhas Revistahttp://www.blogger.com/profile/16709302926099436961noreply@blogger.com1