quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Meio Ambiente

ISO 14001: Abertura de mercado

Por Taís Seibt

A solução de incidentes ambientais, ou sua minimização, vem exigindo uma atitude inovadora dos empresários e administradores, que devem passar a considerar o meio ambiente em suas decisões e adotar concepções administrativas e tecnológicas que contribuam para ampliar a capacidade de suporte do planeta. Em outras palavras, espera-se que as empresas deixem de ser problemas e sejam parte da solução.

As preocupações ambientais empresariais são influenciadas por três grandes conjuntos de forças que se interagem reciprocamente: o governo, a sociedade e o mercado. Se não houvesse pressões da sociedade e medidas governamentais não se observaria o crescente envolvimento das empresas em matéria ambiental. As leis ambientais geralmente são resultados da percepção de problemas ambientais por parte de segmentos sociais e que pressionam os agentes estatais para vê-los solucionados.

Embora o mercado seja uma instituição da sociedade, suas influências e especificidades merecem ser consideradas à parte. As questões ambientais passaram a ter importante relevância sobre a competitividade dos países e suas empresas. A intensificação dos processos de abertura comercial expondo produtores com diferenças pronunciadas de custos ambientais e sociais a uma competição mais acirrada e de âmbito mundial tem sido uma poderosa força indutora de regulamentação e auto-regulamentação socioambientais. O surgimento de iniciativas voluntárias de auto-regulamentação se deve em grande parte às dificuldades de proteção de mercados nacionais por meio de barreiras comerciais que se iniciaram após o Tratado de Marrakesh de 1994, que encerrou a Rodada Uruguaia de negociações multilaterais no âmbito do Gatt e criou a Organização Mundial do Comércio (OMC). Uma das conseqüências esperadas da adoção generalizada dessas iniciativas é o nivelamento dos custos de produção entre empresas produtoras de bens similares situadas em países diferentes com diferentes exigências legais com respeito às questões socioambientais.

A geração de passivos ambientais pelo não-cumprimento da legislação pode comprometer a rentabilidade futura de uma empresa, pois esses passivos poderão ser cobrados em alguma data futura, seja por acordos bilaterais voluntários, seja por meio de ações judiciais. Essa questão tem sido tão decisiva para os investimentos que já foram criados diversos indicadores para informar aos investidores a situação da empresa em relação a essas questões, como o Dow Jones Sustainability Indexes, um indicador criado pela Dow Jones e SAM Group em 1999. Esses índices têm por objetivo criar referências para os produtos financeiros baseados no conceito de corporação sustentável e medir seu desempenho.

Corporação sustentável é uma abordagem de negócio para criar valor aos acionistas de longo prazo, aproveitando as oportunidades e administrando os riscos econômicos, ambientais e sociais. Dados da própria Dow Jones mostram que as empresas incluídas nesse indicador apresentam rentabilidade superior às não incluídas.

Hoje, as novas concepções de gestão empresarial têm como princípio estabelecer uma política da qualidade, inclusive ambiental, colocando a atividade industrial em foco para a promoção de um real desenvolvimento sustentável.

Com isso, a certificação da ISO 14001:2004, referente a qualificação ambiental, começou a ocupar um espaço crescente na organização e planejamento das atividades industriais, tornando-se um fator de referência na qualidade do produto para o mercado. Em última análise, o crescente aumento da consciência ambiental do consumidor, fez com que este exigisse além de um produto de qualidade, um produto que no seu ciclo de vida que respeitasse o meio ambiente.

A proteção ambiental passa a ser uma qualidade desejada do produto e a certificação ambiental torna-se a garantia da qualidade deste produto para este consumidor que compartilha de preocupações com o meio ambiente.

Com isso as empresas, ao receberem a certificação da ISO 14001:2004, perceberão que agir com responsabilidade ambiental gera também lucro para a própria empresa, atingindo não apenas o ganho social e da imagem empresarial, mas também a receita econômica, pois as grandes corporações, principalmente aquelas ligadas ao mercado externo, estão exigindo o certificado ambiental e seu não atendimento poderá acarretar perdas na negociação de contrato de novos projetos.

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