O corpo sabe
Por Lian Tai
O corpo é a alma à flor da pele. Ele sabe até aquilo que não queremos saber. Aliás, ele sabe sobretudo o que fazemos questão de não saber. De nossos gostos, nossos sentimentos, nossas emoções. Nosso corpo traz a memória de tudo aquilo que nos formou. Com a razão nós tentamos ludibriá-lo, negociando nossas emoções. Pesamos as escolhas com mil argumentos lógicos. O corpo não aceita.
Quando crianças, nossos pais nos fazem comer chuchu, abobrinha. Mesmo a contragosto, comemos. Mas existe aquele alimento que desgostamos até o último fio de cabelo. Os meus eram gordura de carne e salada de maionese. Não havia argumento, ordem ou bronca que me fizesse comê-los. Ia além da minha força de vontade. Se eu tentasse ingeri-los, engasgava. Meu corpo os rejeitava impiedosamente.
Assim o corpo também reage com as pessoas que nos cercam. Às vezes, mesmo não conseguindo encontrar nenhum argumento lógico para não gostarmos de alguém, há aquelas pessoas com quem não nos sentimos bem. Na minha vida, isso já foi motivo de muito sentimento de culpa. Por isso eu me esforçava para gostar das pessoas, listava os motivos, tentava me convencer. Mas, quanto mais eu me esforçava para me convencer de algo que não era verdadeiro, com mais veemência meu corpo rejeitava a ideia, de forma que o cheiro das pessoas em questão tornava-se insuportável, a ponto de eu morrer de enjôo ao sentir seu cheiro, ou mesmo ao passar por alguém com o mesmo perfume.
O inverso também é verdadeiro. O corpo ama o perfume e o tato daqueles que amamos com a alma. Quando nos apaixonamos, o corpo pede, o corpo quer. O contato, o hálito, a pele, o perfume. Mas às vezes acontece de, em algum momento, o corpo não só parar de pedir, mas também repugnar. É quando o sentimento já acabou ou se inverteu, quando o relacionamento já terminou. E, mesmo que não queiramos nos dar conta, o corpo já percebeu.
Essa manifestação tão corporal dos nossos sentimentos não se limita a relacionamentos amorosos, mas envolve todas as nossas relações sociais. Afinal, não é apenas nas paixões que nos relacionamos com o corpo. A diferença é a forma de se lidar com esse corpo em cada tipo de relação. Nas amizades, predomina o contato de carinho e afeto, enquanto nas paixões, predomina o contato sensual, mesmo que não necessariamente sexual. Cada contato é permeado por sensações, que podem transitar entre o desejo e o asco. O nojo é a rejeição última do corpo, a manifestação máxima de seu desagrado.
É curioso como teimamos em não ouvi-lo. Insistimos em nos forçar a lidar com situações que nos deixam desconfortáveis. Mas o mais fantástico é que, havendo uma brecha, o corpo se manifestará. Podemos beijar, abraçar, ir para a cama com alguém que teimamos em querer gostar, tentando enganar com a razão nossos sentimentos mais profundos. Mas não podemos dormir abraçados, pois, adormecida a consciência, o corpo se afasta durante a noite. O corpo tem seu tempo próprio, diferente do da razão. Eu nunca consegui, por exemplo, dormir abraçada a um namorado após uma briga, mesmo que já tivesse feito as pazes. É preciso o tempo do entendimento do corpo, o tempo da aceitação.
A razão engana. O corpo revela. Prestemos atenção, portanto, às verdades que ele tem a nos dizer. Porque o corpo sabe.
quinta-feira, 28 de maio de 2009
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