sábado, 14 de fevereiro de 2009

Comportamento

A dieta e o mito

Por Lian Tai

Está presente nos relatos orais de nossa sociedade. Está presente em inúmeras revistas. Está presente em livros de doutores e entendidos. Sempre que falamos em dietas, esse mito, que está tão arraigado em nosso pensamento e em nosso inconsciente coletivo, aparece: O mito de que há uma relação direta entre a comida que comemos e os quilos que engordamos ou deixamos de perder. Talvez essa seja a mais influente mentira já contada na história ocidental. Mas nossa revista em forma de blog, ou de bolha, irá desmistificar em primeira mão essa lenda que tanto nos tem prejudicado.

Tudo começou porque antigamente a comida era escassa. O alimento de que dependíamos era sujeito aos fenômenos naturais, o sol, a chuva, cada qual em seu momento. Vulnerável às pestes e às intempéries. A pouca comida tinha que ser dividida entre todos. Então se inventou que a gula era pecado. Não um pecadinho qualquer, mas um dos sete pecados capitais. Afinal, ser guloso em época de escassez significava tirar a oportunidade de outros se alimentarem e sobreviverem. Assim, criou-se uma associação entre dois fenômenos originalmente distintos: a gula e a culpa.

A culpa é um sentimento autodestrutivo, mas ao mesmo tempo essencial para a preservação humana. É o que nos diferencia dos psicopatas, ao reprimir a repetição de atitudes prejudiciais ou moralmente questionáveis. O problema da culpa é que às vezes ela é direcionada para coisas boas, de forma a acompanhar atitudes benéficas e prazerosas, como o ócio e, como já dissemos, a gula. Nesses casos, a culpa nos angustia e paralisa. E, como tudo o que nos atormenta, faz mal para o corpo, prejudica o metabolismo, altera os hormônios: Culpa engorda.

Como comer gera culpa e a culpa engorda, durante muito tempo se concluiu erroneamente que comer engorda. Mas, após uma longa experiência científica, sendo eu minha própria cobaia, descobrimos que não existe relação direta entre comer e engordar, muito menos quando tratamos de comidas gostosas. O que engorda não é a comida em si, mas o peso na consciência (ao que minha espirituosa amiga respondeu certa vez: “o problema é que minha consciência ocupa o corpo inteiro”). A culpa, que antes era associada à gula devido à escassez de alimentos, passou a ser ressignificada e justificada de uma nova forma: como culpa por engordar. Ou seja, acreditando que comer engorda, as pessoas sentem culpa ao comer e, devido à culpa, acabam engordando de verdade, gerando um círculo vicioso.

Em contrapartida, felicidade emagrece. Quer dizer, felicidade faz bem pro corpo, equilibra-o, provocando o emagrecimento daqueles que precisam emagrecer e a engorda daqueles que precisam engordar. Felicidade direciona o corpo para sua forma e seu peso ideais. Mas, como a maioria das pessoas à procura de dietas (portanto, o público-alvo deste artigo) está acima do peso, em conseqüência da quantidade de peso na consciência consumida, generalizo aqui, ao dizer que felicidade emagrece. Partindo desse pressuposto, chegamos a uma conclusão importante: a comida, por princípio, não só não engorda, mas também emagrece. Afinal, quem não se sente feliz ao tomar um sorvete? Ao comer um churrasco?

O segredo, pois, para perdermos os quilinhos extras e alcançarmos aquele corpo tão desejado é comer, comer com prazer e sem culpa. Portanto aprendamos a ser felizes e nossos corpos responderão. Porque o peso na consciência também pesa na balança.

4 comentários:

boogienwoogie disse...

amei! afinal de contas ser feliz é no mínimo um sentimento delicioso de se saborear ! e viva o sorvete !!!

Anônimo disse...

Faz sentido, por um lado! Quando eu era nova por exemplo, comia a vontade e sem me preocupar com quantidades e qualidades. Realmente não engordava. Portanto,antes de chegar a culpa, chegou a idade (normalmente acontece após 35 anos); e com ela também a tendencia para engordar e outros fatores genéticos que acabaram contribuindo para que isso acontecesse como problema na tireóide e dificuldade de metabolizar gorduras (colesterol). Junção fatal! Obviamente que neste caso alguns tipos de comida não atuam de forma psicológica como a que o texto sugere. Existem sim muitas pessoas que engordam por culpa. Mas infelizmente, pessoas que sempre foram felizes comendo sem culpa, ao começarem a enfrentar problemas genéticos de saúde que causam aumento de peso, podem começar a sentir a tal culpa que não sentiam antes. Mas ela só aparece quando vc se dá conta que não tem mais o corpinho de antigamente e que infelizmente não pode mais comer alguns tipos de comida para se manter saudável em primeiro lugar; e consequentemente, mais magra. Tem pessoas também, que embora sejam genéticamente gordas, são felizes comendo sem um pingo de culpa e se aceitam do jeito que são. Acredito que quando se olham no espelho nem se veem tão gordas como realmente são. Podemos perceber isso no quanto algumas pessoas ficam a vontade de biquine em uma praia ou piscina, mesmo estando com as gorduras pulando sobre ele. Nesse caso, viva o sorvete!!! Eu não cheguei nesse estágio! A piscina do meu condomínio nem viu minha cara este ano. rsrsrs. Tenho que ralar se quiser me manter magra e a culpa é inevitável! Mas posso garantir que a gordura chegou primeiro!
Parabéns pela matéria! Além de ser interessante, ajuda bastante às pessoas que se sentem culpadas sem ter motivo. Mas as pessoas que possuem problemas de saúde precisam fazer dietas. Vale a dica: agora pode-se ter a felicidade de tomar sorvete com zero de gordura encontrado nos melhores supermecados. É mais caro mas vale a pena! E viva o sorvete!!! rsrsrs

Lian Tai disse...

Tem também outras teorias... Uma que eu e a Érika nos demos conta no Rio é de que o que define o quanto se engorda não é a comida que comemos, mas a distância que percorremos para buscá-la.

Anônimo disse...

kkkkk....essa teoria que desenvolvemos no Rio é ótima mesmo...rs.